A morte é parte da vida e precisamos falar sobre isso
Em fim: “advérbio de tempo; algo que será finalizado ou está próximo do fim; sinônimo de: no fim, no final, no termo, no término”.
A noção de fim, que é tão simples na Língua Portuguesa, ainda é um tabu para nós, mortais. Crescemos com a ideia de que tudo o que está relacionado à morte é maldito, macabro, proibido.
Mas isso está mudando. Encarar seus medos – da morte de alguém que você ama, da sua morte, ou da vida (ou não) após ela – pode ajudar a diminuir a ansiedade que o assunto gera. Porque morrer é natural, mas viver com medo de morrer não.
Esse é o objetivo do Em Fim, um espaço criado para a gente refletir, discutir e reconsiderar os aspectos e impactos da morte em nosso dia a dia.
Inspirado na organização The Order of the Good Death (A Ordem da Boa Morte), criada nos Estados Unidos pela agente funerário e escritora Caitlin Doughty, o Em Fim faz parte do movimento da boa morte (death positive), um movimento social e filosófico que encoraja as pessoas a falarem abertamente sobre a morte, o morrer e os cadáveres. A Ordem busca eliminar o silêncio em torno de tópicos relacionados à morte, diminuir a ansiedade em torno da morte e encorajar mais diversidade nas opções de cuidados de final de vida disponíveis ao público.
Enfim, a morte é parte da vida e precisamos falar sobre isso.
O Movimento Death Positive (Boa Morte)
Criado em 2011 pela agente funerário e escritora norte-americana Caitlin Doughty com o objetivo de fazer da morte parte da vida. A positividade da morte coloca as necessidades da família e do cadáver em primeiro lugar, lutando por mudanças reais nos níveis legislativo e regulatório, bem como nas trincheiras nas indústrias funerária e de cuidados paliativos nos Estados Unidos.
Saiba mais sobre ele em http://www.orderofthegooddeath.com/ .
Quem faz o Em Fim

Publicitária e Comunicóloga, tinha um sonho recorrente no qual um senhor narigudo, dentro de um caixão saltitante, descia uma longa escadaria atrás de mim. Tinha 5 anos.
Aos 7 anos, entrei correndo na sala do necrotério do Hospital das Clínicas onde o corpo de minha tia estava sendo preparado para o velório. Até hoje não gosto de ver pés descalços deitados. No mesmo dia, fui erguida pelo meu pai para dar um beijo de despedida na tia e pensei: “Por que ela não levanta para me beijar?”
Apesar de precoces, essas experiências despertaram meu interesse na morte e, na adolescência, me apaixonei pelo universo gótico. Sempre me questionei o porquê do tabu a respeito da morte e pensei em entrar para a carreira de agente funerário (ainda há tempo!).
Hoje, pesquiso muito sobre o tema e acredito que precisamos reaprender a lidar com a morte para poder viver o luto e aceitar que este é um processo natural e, como tal, não deveria estar distante de nossas vidas.