Conheça o The Gentle Way, a técnica de cremação ecológica que deixa para trás meia xícara de DNA líquido em vez de cinzas
Uma funerária do norte de Queensland, Austrália, desenvolveu a primeira alternativa à cremação com base em spray de água do mundo, que deixa meia xícara de DNA líquido em vez de cinzas.

A ideia veio de Jeff Boyle, diretor da funerária de Whitsunday, após um encontro com uma cliente. “Eu perguntei se ela queria um enterro ou cremação. Ela fez uma pausa e disse ‘nenhum dos dois’”, disse Boyle. “Ela disse: ‘Dê seus pulos e encontre uma opção melhor.'”
Como funciona
O sistema imita o processo de decomposição alcalina do corpo no solo.
Primeiro, o corpo fica embaixo de um chuveiro tipo lava rápido por 10 horas . Depois, essa água passa por um sistema de filtragem especial que tira o DNA da água e o devolve limpo como novo.
A alcalinidade reduz a matéria corporal a ossos. Os fragmentos ósseos são então processados e armazenados em uma urna que, junto com o DNA líquido, é dada aos entes queridos do falecido.
A técnica difere da hidrólise alcalina oferecida em New South Wales, onde os corpos são colocados em um tambor de aço inoxidável cheio de peróxido de hidrogênio e água e aquecido a 93 graus Celsius. Ao invés de um suco, viramos uma sopa.
Sustentabilidade
O dispositivo é o mais recente desenvolvimento em práticas funerárias sustentáveis, que vêm ganhando força desde a década de 1990, à medida em que os consumidores procuram opções alternativas para seus ossos cansados.
“Algo assim era esperado neste momento em que a mudança climática e a conscientização sobre o meio ambiente são uma parte importante do discurso diário e da política governamental”, disse Margaret Gibson, conferencista sênior do Griffith Center for Social and Cultural Research.
O Sr. Boyle disse que a tecnologia não produz fumaça ou poluição e é totalmente neutra em carbono. “A energia usada em um forno crematório é equivalente a iluminar um campo de futebol, enquanto a energia usada pelo The Gentle Way ilumina um pequeno escritório”, disse ele.
“Não sou um eco-chato, não me interpretem mal, mas acredito que precisamos cuidar do nosso meio ambiente – todos nós temos que fazer nossa parte.”
Sagrado e profano
Em teoria, esse suco de DNA poderia ser consumido. Embora a ideia de beber os restos mortais de um ente querido possa ser difícil de engolir, o Dr. Gibson disse que há quem a considere atraente.
“Em muitas culturas, a ideia de consumir os mortos – muitas vezes cercada de horror – pode ser vista como um ato de amor”, disse ela. “Acho realmente interessante a maneira como essa fronteira entre o sagrado e o profano está se rompendo com esse tipo de tecnologia.”
O The Gentle Way foi usado com sucesso pela primeira vez na semana passada, e já está se mostrando popular. Quarenta funerais pré-arranjados o reservaram em North Queensland e 10 funerárias em todo o país encomendaram suas próprias máquinas.
“Recebemos pedidos da França e da Alemanha, porque eles são todos ecologicamente corretos e amigos do meio-ambiente”, disse Boyle.
Fonte: ABC News Australia
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